quinta-feira, 3 de março de 2011

NADA MUDOU

Pois meus amigos e seguidores, vinte seis anos se passaram e as coisas continuam como antes. Em 1984, quando sofri um acidente que me deixou tetraplégico, o motorista do veículo que nos abalroou simplesmente fechou as portas e retirou-se do local, acompanhado por casal e um menor. Ora, todos nós erramos em muitos momentos de nossa existência. O fato é que em algumas profissões os erros podem ser fatais. Ou quase. Médicos, pilotos de aeronaves e motoristas por exemplo. Não há em mim nenhum sentimento em relação ao cidadão. Apenas a indiferença. Andei pesquisando para descobrir onde anda. E descobri. Está perto, muito perto, diferente daquela época em que causou o acidente, quando solicitou transferência de seu emprego para o norte do país. Não fôsse a covardia da fuga, talvez até fôssemos amigos. Bêbado não estava, mas havia ingerido bebida alcoólica, razão pela qual suponho tenha desaparecido. Mais covardia. A condenação ao revel, já que sumiu.

Agora, em todos os portais, reaparece a tal covardia. O cidadão que atropelou os ciclistas. Meteu-se a valente no depoimento, alegando proteção ao filho. Ao ver a situação enrolada em que se meteu, orientado pelo advogado, interna-se alegando problemas psicológicos. E lá vem ela outra vez. A covardia.

Ambos, com toda a certeza não conseguirão jamais olhar no espelho. Nunca mais lhes sairá da cabeça o dano causado a terceiros. A pior dor é a de consciência. Ambos, sabidamente longe do mundo marginal, até a crise de covardia que cada um teve, eram tidos como pessoas dentro do padrão de civilidade, sociabilidade.

Entre eles diferença única. Um jamais pagou pela omissão. O outro, pelo que estamos presenciando, vai pagar. No mais, nada mudou, tiveram oportunidade de abandonar a atitude covarde e não o fizeram.